14 de outubro de 2014

Arthur Zanetti volta do Mundial feliz com prata nas argolas e o desempenho da seleção

O ginasta recebeu a imprensa nesta 3ª-feira, ao lado do técnico Marcos Goto, e falou de pressão, do Rio 2016, da boa estrutura que tem em S. Caetano e dos próximos desafios em 2014                                                                                                                

 

Marcos Goto e Arthur Zanetti avaliam bem o Mundial

Marcos Goto e Arthur Zanetti avaliam bem o Mundial

São Caetano do Sul – Arthur Zanetti desembarcou nesta terça-feira (14/10), em São Paulo, feliz com o seu resultado individual, prata nas argolas, e da seleção brasileira, sexta colocada por equipes – melhor posição do Brasil na história da ginástica artística masculina (havia sido 13º em Tóquio/2011), no Mundial de Nanning, na China. “Sem dúvida nenhuma, estou feliz. Foi um trabalho duro, muito treino e fui vice-campeão mundial. Estou feliz e grato aos profissionais que me ajudaram. E também por alcançar o nosso principal objetivo – fazer a final por equipes. O Brasil competiu bem e ficou em sexto. Agora, é manter o trabalho, ficar entre os oito no Mundial de 2015 e conseguir a vaga por equipes da ginástica masculina para os Jogos do Rio, em 2016.”

Arthur ainda disputa um Festival no México, na semana que vem, e o DTB Cup Team, em Stuttgart, na Alemanha, de 28 a 30 de novembro, competição por equipes.

Foram 23 horas de viagem desde a China, de Nanning a Pequim, e de lá para São Paulo via Washington, nos Estados Unidos. Arthur reencontrou os pais, Archimedes e Roseane, e a namorada, Juliana, que não via desde 12 de setembro. Passou em casa, deixou as malas, descansou umas poucas horas, almoçou e foi ao ginásio da SERC/Agith, em São Caetano, para falar sobre a medalha de prata nas argolas (15.733 pontos), a rivalidade com o chinês Yang Liu (que ganhou o ouro, com 15.933) – “o combustível” que precisava para treinar ainda mais forte, definiu – e o futuro.

Arthur Zanetti mostra medalha que trouxe da China

Arthur Zanetti mostra medalha que trouxe da China

Pressão por ser o cara a ser batido nas argolas
“É claro que depois de 2012 isso tem sido assim. É mais difícil, sim, se manter no topo. Conseguir chegar é difícil, se manter é ainda mais trabalhoso. São vários os detalhes, todo mundo fica de olho… Você tem de trabalhar ainda mais, além de não ter um atleta na sua frente para falar ‘é ele que eu quero buscar’. Tem dado certo. Desta vez eu fui prata, mas é trabalhar mais para 2016.”

Chinês e rivais
“Não posso pensar apenas no chinês. Todos os finalistas do Mundial vão estar novamente no Mundial do ano que vem e na Olimpíada. Pode ter alguma mudança, mas ainda é cedo para falar.”

Competir em casa influencia
“Talvez tenha ajudado o chinês, não sei… Acho que o ponto positivo de estar em casa é estar adaptado – um passo à frente em relação aos demais – e ter o apoio da torcida. Esse foi um Mundial na casa deles, vamos ter uma Olimpíada na nossa casa.”

O rigor dos árbitros
“Os árbitros estão pegando mais os detalhes. A diferença entre o primeiro e o quarto, por exemplo, é praticamente nada – um passinho e você já vai para o quarto lugar. A FIG determina essa exigência – e está sendo bem rigorosa – para poder diferenciar erros maiores e menores…. porque as notas de partida de todos estão praticamente iguais. É treinar para que erros não ocorram. Se os árbitros favoreceram os chineses…Talvez sim, talvez não, mas o ginasta chinês das argolas fez uma boa apresentação. Foi estranha a final por equipes, mas ninguém pode fazer nada. Os árbitros decidiram aquilo no momento.”

Mudança do código e de série
“Minha série já estava 100% enquadrada nas mudanças do código, mas alguns ginastas ainda estão se adaptando. Sobre a mudança de série ainda nem foi cogitada a entrada do ‘Zanetti’ (elemento de força criado pelo brasileiro). É muito cedo, acabamos de chegar. Só a partir da semana que vem, quando eu voltar a treinar, que eu e o Marcos vamos conversar e ver o que fazer. Se vamos colocar o ‘Zanetti’, o que vamos ou não colocar na série, o que pode mudar. Gostaria de aumentar a dificuldade e melhorar a execução. Até 2016, seria bom aumentar dois décimos na nota de partida e ter de 1.0 ponto a 0.9 de execução (a série do Mundial teve nota de partida de 6.8). É um trabalho duro, complicado. Pode parecer que não: ‘dois décimos, não são nada’. Mas, depois que se chega a um certo ponto, aumentar um décimo é quase impossível. E vamos tentar fazer isso.”

O sexto lugar por equipes
“A gente chama esses cinco primeiros de G5. E passar um desses integrantes do G5 (China, Japão, Estados Unidos, Grã-Bretanha e Rússia) é mesmo muito complicado, vai ser muito trabalho… Não é impossível, mas podemos dizer que o sexto nosso foi excelente. É lógico que a gente quer trabalhar para ficar cada vez mais perto do pódio.”

Diego e colegas estão de parabéns
“Ele está de parabéns pelo bronze no solo. É um grande atleta. Mas toda a equipe também está de parabéns, o Sérgio Sasaki, que foi à final do salto e do individual geral, e também o Arthur Nori, que foi à final do individual geral.”

Sobre estrutura em São Caetano
“As condições estão perfeitas, não tem do que reclamar. Todos os aparelhos são oficiais, colchões oficiais…Chegaram vários aparelhos novos – solo, salto, paralelas… O ginásio está equipado. Pensando no ideal, falta a climatização do ginásio, quente demais, mas vamos correr atrás, para todo mundo.”

Arthur conversou com os jornalistas na volta ao Brasil, depois de um mês

Arthur conversou com os jornalistas na volta ao Brasil, depois de um mês

Planejando 2015

O técnico Marcos Goto definiu a medalha de prata e o sexto lugar do Brasil como “excelentes”. O treinador, que trabalha com Arthur Zanetti há 16 anos na SERC/Agith, de São Caetano do Sul, já vai pensar em 2015, ano de Jogos Pan-Americanos de Toronto, no Canadá, e do Mundial da Glasgow, na Suécia, classificatório para a Olimpíada. “Para o Arthur, o Pan é uma competição importante, que ele não ganhou ainda, embora a prioridade seja o Mundial. Vamos a 70% para o Pan, que vai servir como preparação para o Mundial.”

E fez sua avaliação sobre o Mundial de Nanning, observando que, desde o início, o planejamento era para que Arthur Zanetti fizesse bem três aparelhos – solo, salto e argolas – para compor bem a seleção brasileira e ir ao pódio nas argolas. “E a série dele nas argolas não teve um grande erro. Foram pequenos descontos… O chinês tinha um décimo a mais na nota de partida e fez uma série melhor.”

Marcos acha até que a prata – além de importante – tira um pouco o foco da ginástica mundial sobre o brasileiro nas argolas. “Numa competição por aparelhos, o foco é no aparelho, mas numa competição por equipes primeiro é preciso compor a equipe. Quando foi para a final, ele já havia competido duas vezes nas argolas – na qualificação e na final por equipes -, com desgaste físico e emocional. Mas é assim mesmo, normal. Os resultados foram excelentes: o Arthur é o segundo melhor do mundo nas argolas e o Brasil o sexto por equipes.”

Arthur Zanetti é atleta da SERC/Agith/São Caetano, tem patrocínio da Sadia, Furnas, adidas e CAIXA e apoio da Spieth, Eurotramp, COB, CBG e Bolsa Atleta/Ministério do Esporte.